Universidade do Ser, escrito pelo Prof. PhD Marcelo L. Pelizzoli (UFPE). 

A Terapia dos Sistemas Familiares Internos (IFS, na sigla em inglês) é uma abordagem psicoterapêutica desenvolvida pelo psiquiatra e professor Richard Schwartz na década de 1980. Essa terapia se baseia na ideia de que a mente humana é composta por múltiplas partes ou subpersonalidades, cada uma com suas próprias emoções, pensamentos e comportamentos. O IFS propõe que, ao entender e harmonizar essas partes, os indivíduos podem alcançar uma maior integração interna e cura emocional, retornando ao seu centro, às suas potências vitais essenciais, chamada de Self, o Eu maior e primordial.

Princípios Fundamentais do IFS

1. Partes Internas: No modelo IFS, cada pessoa possui diferentes “partes” que representam aspectos variados da personalidade. Essas partes podem ser classificadas em três categorias principais:

o Exilados: Partes que guardam emoções dolorosas e traumas.

o Protetores: Partes que tentam proteger o indivíduo de dor ou sofrimento. Dividem-se em Gerentes (proativos) e Bombeiros (reativos).

o Self: A essência do indivíduo, que é sábia e compassiva, capaz de guiar as outras partes, desde que retorne ao lugar centrar da personalidade, conseguindo unir aspectos protetivos, racionais, de segurança, ou problemáticos, com dimensões exiladas, infantis, sombras e dores do sujeito, no seio do cuidado autocompassivo e de autoconsciência.

2. Relação entre as Partes: O IFS enfatiza a importância de entender como essas partes interagem entre si e como isso afeta o comportamento e as emoções do indivíduo. Tem como tarefa a harmonização das polarizações e demandas internas, para levar o sujeito à integração e unidade por meio da energia do Self.

3. Processo de Cura: O objetivo da terapia é ajudar os indivíduos a se reconectarem com seu Self, permitindo que ele guie as partes em direção à cura e à integração. Isto significa ter sua essência e coração como líder principal interno e que vai se refletir nas relações internas, diminuindo conflitos negativos e aumentando a confiança e coragem na vida.

Comprovações Científicas

A terapia IFS ganha popularidade crescente e muitos terapeutas começam a descobrir sua potência; a pesquisa científica sobre sua eficácia está em desenvolvimento. Não obstante, algumas evidências e estudos preliminares têm mostrado resultados promissores. Considerando o tempo de surgimento do método, o qualitativo das pesquisas é respeitável, além da quantidade.

1. Estudos de Caso e Relatos Anedóticos: Muitos terapeutas relatam resultados
positivos com seus clientes, especialmente em casos de trauma e dificuldades emocionais. Esses relatos têm sido fundamentais para a disseminação da terapia.

2. Pesquisas Empíricas: Alguns estudos têm investigado a eficácia do IFS em populações específicas. Por exemplo, uma pesquisa publicada já em 2013 demonstrou que a terapia IFS pode ser eficaz no tratamento de transtornos de estresse pós-traumático (TEPT). Os participantes relataram uma diminuição significativa nos sintomas após o tratamento.

3. Neurociência e IFS: A neurociência também começou a explorar como a abordagem IFS se relaciona com a ativação de diferentes áreas do cérebro associadas a emoções e memória. Estudos sugerem que a prática de autoexploração e a integração de partes internas podem ter efeitos benéficos na regulação emocional.

4. Terapia Integrativa: O IFS é frequentemente combinado com outras abordagens terapêuticas, e no caso do Brasil tem um campo promissor com as PICS. Essa integração tem mostrado ser eficaz em muitos contextos clínicos, proporcionando um suporte adicional à eficácia do IFS. Considere-se também a proximidade considerável da IFS com a Investigação Compassiva, do renomado médico Gabor Maté, o qual recomenda a seus alunos estudar e praticar IFS.

A Terapia dos Sistemas Familiares Internos oferece uma abordagem inovadora e profunda para a compreensão e tratamento de questões emocionais e psicológicas. Embora as comprovações científicas ainda estejam em fase de desenvolvimento, os resultados preliminares e as experiências clínicas sugerem que o IFS pode ser uma ferramenta valiosa na promoção da cura e do bem-estar psicológico. À medida que mais pesquisas são realizadas, espera-se que a eficácia do IFS seja ainda mais bem documentada, solidificando seu lugar no campo da psicoterapia.