As Consequências de ignorar a Dimensão Corporal na terapia e no autocuidado, e a visão da IFS (Terapia dos Sistemas Familiares Internos)

Universidade do Ser, escrito pelo Prof. PhD Marcelo L. Pelizzoli (UFPE). 

Há uma história pesada de abandono da presença corpo-mental, da consciência somática e das vivências corporais, justamente o ponto mais básico e concreto para todo e qualquer crescimento e desenvolvimento pessoal. Esta cegueira gera modelos de comportamento errantes, centrados no ego e na cabeça, bem como na sobrevivência psíquica ou traumática que não consegue mais entregar-se tanto à dor quanto ao prazer de viver. A perda das sensações corporais afeta o sentido de enraizamento na vida, de identidade, de si mesmo. As pessoas, assim, vão se sentir desconectadas do mundo, dos outros, e principalmente de si mesmas, de sua espontaneidade natural e autenticidade, podendo ver-se, por exemplo, como impostor.

Eis algumas consequências deste abandono corpo-mental:

Desconexão Emocional: Ignorar o corpo pode levar a uma desconexão entre as emoções e as sensações corporais, dificultando a compreensão e o processamento emocional.

Reforço de Padrões de Estresse: A falta de atenção ao corpo pode perpetuar padrões de estresse e tensão, que muitas vezes se manifestam fisicamente e podem agravar problemas de saúde.

Dificuldade em Regular Emoções: A ausência de uma abordagem somática pode dificultar a regulação emocional, tornando mais difícil lidar com sentimentos intensos.

Superficialidade na Terapia: A terapia pode se tornar uma experiência superficial, sem um entendimento profundo das experiências do cliente, limitando a eficácia do tratamento.

Risco de Retraumatização: Ignorar a dimensão corporal pode aumentar o risco de retraumatização, especialmente em casos de traumas profundos, em que o corpo armazena memórias e emoções muito sufocadas.

Falta de Autoconhecimento: A desconexão do corpo pode impedir o desenvolvimento do autoconhecimento e da autoaceitação, essenciais para o crescimento pessoal.

 

Vantagens das Abordagens Corporais Somáticas

 

1. Integração Emocional e Física: As abordagens somáticas promovem a integração entre emoções e sensações corporais, permitindo uma compreensão mais profunda das experiências do cliente.

2. Regulação do Estresse: Técnicas somáticas ajudam a regular o estresse e a ansiedade, promovendo relaxamento e bem-estar físico.

3. Processamento de Traumas: Abordagens somáticas são em geral mais eficazes no tratamento de traumas, ajudando os clientes a liberar tensões armazenadas no corpo.

4. Aumento da Consciência Corporal: As práticas somáticas aumentam a consciência corporal, permitindo se conectar melhor com sensações e emoções.

5. Promoção do Autoconhecimento: Através da exploração somática, pode-se desenvolver um maior autoconhecimento e uma compreensão mais profunda de si mesmo.

6. Melhoria da Comunicação Interna: As abordagens somáticas incentivam uma comunicação interna mais eficaz, ajudando a ouvir e interpretar suas sensações e sentimentos.

7. Experiência de Empoderamento: Trabalhar com o corpo pode levar a uma sensação de empoderamento e controle, permitindo que se sintam mais conectados e autônomos.

 

E como a IFS de R. Schwartz leva em conta as sensações e o corpo no método terapêutico?

 

A Terapia de Sistemas Internos (Internal Family Systems – IFS), desenvolvida por Richard Schwartz, é uma abordagem terapêutica que reconhece e integra diferentes partes ou subpersonalidades dentro de um indivíduo. Essa abordagem, sendo somática também, leva em conta as sensações e o corpo de várias maneiras:

1. Reconhecimento das Partes Internas

IFS considera que cada parte tem sua própria perspectiva, emoções e sensações físicas associadas. O terapeuta ajuda o cliente a identificar e se conectar com essas partes, muitas vezes explorando as sensações corporais que surgem durante esse processo.

2. Sensações Corporais como Sinais

As sensações físicas são vistas como importantes indicadores do estado emocional das partes internas. O terapeuta encoraja o cliente a prestar atenção a essas sensações, ajudando a entender como elas se relacionam com as emoções e experiências das partes.

3. Diálogo com as Partes

Durante as sessões, os clientes são incentivados a dialogar com suas partes internas, muitas vezes se concentrando em como essas partes se sentem fisicamente. Isso ajuda a promover uma conexão mais profunda entre a mente e o corpo.

4. Atenção Plena (Mindfulness)

A IFS utiliza práticas de atenção plena para ajudar as pessoas a se tornarem mais conscientes de suas sensações corporais e emoções. Essa consciência pode facilitar o processamento emocional e a regulação do estresse.

5. Integração e Cura

A abordagem busca integrar partes que podem estar em conflito, promovendo a cura. Ao trabalhar com as sensações corporais, as pessoas podem liberar tensões e traumas armazenados, permitindo uma experiência de unidade.

6. Segurança e Conexão

A IFS enfatiza a importância de criar um ambiente seguro, onde as partes possam se expressar sem julgamento. Essa segurança permite que as pessoas explorem suas sensações corporais de maneira mais aberta e honesta.

7. Empoderamento do Self

A IFS acredita que cada pessoa tem como base o “Self” central, que é sábio e compassivo. Ao conectar-se com esse Self, as pessoas são incentivadas a ouvir e respeitar suas sensações corporais, promovendo um senso de empoderamento e autocuidado.

Conclusão

A IFS integra a dimensão corporal no seu método terapêutico, reconhecendo que as sensações físicas são fundamentais para a compreensão e o processamento das emoções. Essa abordagem integrativa permite conectar-se profundamente com suas experiências internas, promovendo um caminho mais eficaz para a cura, o autoconhecimento e o autocuidado.

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