Como os fardos (traumas – emoções e crenças negativas) podem afetar os relacionamentos de uma pessoa na vida adulta (e a visão da IFS)?

Universidade do Ser, escrito pelo Prof. PhD Marcelo L. Pelizzoli (UFPE). ¹

Os traumas infantis podem ter impactos profundos e duradouros na vida de uma pessoa, influenciando sua saúde mental, relacionamentos e bem-estar geral. A Terapia dos Sistemas Familiares Internos (Internal Family Systems (IFS)) oferece hoje uma das perspectivas e métodos dos mais potentes para compreender como os ferimentos se manifestam internamente e afetam a vida cotidiana, e assim encaminhar soluções.

Como sintomas iniciais de impactos importantes, temos:

 

1. Autoimagem e Autoestima alteradas: Traumas na infância podem levar a uma autoimagem distorcida. A pessoa pode internalizar mensagens negativas, como “não sou bom o suficiente” ou “não mereço amor”, “sou defeituoso”, etc. o que pode dificultar a construção de confiança interna e, portanto, de relacionamentos saudáveis.

2. Comportamentos de Evitação: Muitas vezes, indivíduos que sofreram traumas buscam evitar situações que possam relembrá-los de suas experiências dolorosas. Isso pode resultar em bloqueios sociais e dificuldades em formar novas conexões, principalmente as de vínculo intenso e duradouro.

3. Reatividade Emocional: Pessoas com fardos ou marcas emocionais não cuidadas podem reagir de forma intensa a situações que, à primeira vista, parecem inofensivas. Isso pode levar a conflitos em relacionamentos, pois a outra parte pode não entender a intensidade da resposta emocional.

4. Dificuldades de Confiança: Traumas podem afetar a capacidade de confiar nos outros. Isso pode resultar em relacionamentos superficiais ou em um ciclo de relacionamentos tóxicos, onde a pessoa se sente atraída por parceiros que replicam padrões de abuso ou negligência.

 

Já como impactos diretos nos Relacionamentos temos principalmente:

 

1. Projeções: As partes feridas podem levar uma pessoa a projetar suas inseguranças e medos nos outros. Isso pode criar mal-entendidos e conflitos em relacionamentos.

2. Repetição de Padrões: Muitas vezes, pessoas com traumas infantis se veem repetindo padrões de relacionamentos disfuncionais, como escolher parceiros que replicam a dinâmica de suas experiências traumáticas.

3. Dificuldade em Expressar Vulnerabilidade: A necessidade de se proteger pode fazer com que a pessoa evite mostrar vulnerabilidade, o que é essencial para a intimidade emocional em relacionamentos.

4. Ciclos de Atração e Rejeição: A busca por validação e o medo de rejeição podem levar a um ciclo de aproximação e afastamento, onde a pessoa se sente atraída por relacionamentos, mas se afasta quando a intimidade aumenta.

A boa nova é que, na visão da IFS compreendemos que a psique humana é composta por diferentes “partes”, cada uma com suas próprias emoções, crenças e comportamentos. E, na verdade, os ferimentos dizem respeito a certas partes, mas não ao todo de nosso sistema interno e de nossa vida. Essas partes podem incluir:

– Partes Feridas: Relacionadas a traumas passados, que carregam dor e sofrimento.

– Partes Protetoras: Que tentam proteger a pessoa de mais dor, mas que podem se manifestar de maneiras disfuncionais, como controle excessivo ou evitação. Buscam de todo modo nossa proteção, mas junto a isto podem ter dificuldades em acessar o coração (Self) e as nossas partes infantis feridas. 

Felizmente, somos compostos por personalidades (partes, faces) em cima do SELF, o eu verdadeiro, com qualidades positivas, ancestrais, mais naturais, ou mesmo espirituais e de compreensão e intuição profundas. O trabalho principal no IFS, além de lidar com ferimentos e fardos, tem a ver com acessar cada vez mais nossa energia de vida, ou nosso Self, o Eu central que é anterior às próprias montagens das partes, pois brota da vida que recebemos em nível genético e o psíquico ancestral.

Outro ponto, é trabalhar na harmonização interna de nossas crenças, emoções, desejos, e aspectos sensórios corporais na direção do autocuidado, consciência, presença na vida, de modo a poder trazer ações saudáveis, curativas, para nossa existência. Isto significa trazer uma pacificação interna e equilíbrio de nossas partes, respeitando cada aspecto e compreendendo profundamente o sentido mesmo de nossas estratégias negativas, problemáticas. Somente assim poderemos acessar o amor verdadeiro.

Por fim, o que se pode dizer em síntese é que os traumas infantis (os fardos emocionais e crenças nagativas) têm um impacto considerável e multifacetado na vida de uma pessoa, moldando sua autoimagem, suas emoções e então seus relacionamentos. A abordagem da IFS (Internal Family Systems) ajuda a entender e integrar essas partes feridas, permitindo que a pessoa trabalhe em direção à cura e ao desenvolvimento de relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios, a partir de suas próprias energias vitais, seu SELF. A conscientização e o tratamento adequado são fundamentais para romper ciclos de dor e construir conexões significativas, com base no amor corajoso.

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¹Pós doutor, autor de 18 livros, prof. Titular da UFPE. Terapeuta de IFS e outros métodos. opelicano@gmail.com. (Texto com apoio do chat GPT)

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