“Vivemos uma vida de adultos, mas com emoções e posturas infantis”

“Vivemos uma vida de adultos, mas com emoções e posturas infantis” 

Elza Nunnes, em entrevista para Lígia Scalise.

“Em algum momento das nossas vidas aprendemos que, depois dos 18 anos, nos tornaremos adultos. E isso implica em encontrar um trabalho, pagar contas, batalhar e ser responsável por nós mesmos. Desde cedo somos avisados sobre esses deveres e obrigações que nos espera. Por outro lado, ninguém nos diz como amadurecer emocionalmente. Esse é o ponto e o convite de reflexão que trago aqui.

Pensa comigo: nos tornamos adultos no reflexo do espelho, mas continuamos esperando que alguém nos cuide, nos ame e nos atenda. Assumimos boletos e obrigações, mas continuamos projetando nossas necessidades infantis nas relações que vivemos. E isso vale para todas as áreas e papéis que assumimos.

Quanto um profissional, por exemplo, vive na espera de que reconheçam seus talentos e suas ideias?

Quanto na nossa vida social precisamos ser aprovados pelos nossos amigos?

Quanto na nossa relação amorosa nos sentimos frustrados porque criamos a expectativa de que nosso parceiro (a) atenda as nossas necessidades?

Quanto ainda somos impactados pela opinião dos nossos pais?

Em outras palavras: somos adultos infantis.

E para ganhar essa consciência, precisamos, antes de tudo, identificar a diferença entre as necessidades da criança e do adulto, veja:

A criança quer ser amada, se sentir segura, ser cuidada. Ela sempre espera que alguém faça por ela o que ela precisa. A criança tem uma postura passiva diante da vida.

O adulto quer amar, dar segurança, cuidar, nutrir, se responsabilizar, fazer escolhas. É claro que ele também deseja receber, mas isso não deveria ser uma necessidade passiva. Um adulto deve saber o que precisa, o que tem para oferecer e como impor limites, negociar e dialogar de maneira consciente e saudável com outro adulto.

Tornar-se adulto é um processo de reconhecer essa transição de necessidades. Temos que parar de esperar que os outros façam e se responsabilizem por nós. É assumir a construção da própria autonomia, saindo do papel passivo da criança para se tornar o adulto protagonista das próprias ações, emoções e posturas. E, além disso, é ter a consciência do quanto nossas emoções e atitudes impactam no coletivo em que vivemos. Não estamos aqui sozinhos, somos um indivíduo adulto que vive em comunidade.

Tornar-se adulto, então, não tem a ver com a idade, mas com a postura emocionalmente madura que precisamos assumir. Te convido a fazer essa transição. Te encorajo a assumir as suas potências e talentos. Te desafio a ser a única pessoa responsável pelas suas próprias obrigações e felicidade.

Não é uma transição fácil e nem sempre confortável. Mas tornar-se adulto, nas emoções, posturas e comportamentos, é um processo necessário e libertador. Topa?”

Compartilhe:
+4
Sem Comentários

Poste um comentário