Barthô Nigro, em entrevista para Lígia Scalise.

 “Bardo começa com uma morte. Uma morte física, mas, além disso, te convido para olhar para as mortes simbólicas. As nossas pequenas mortes de cada dia. Morremos criança quando nascemos adolescente, morremos adolescente quando nascemos adultos, adultos quando nascemos idosos. Também morremos na condição de solteiro quando nos casamos. Morremos várias vezes dentro de um mesmo relacionamento. Nossas razões, escolhas, pontos de vistas também passam pela morte. É preciso morrer. E a cada pequena morte temos um ponto de aprendizado e consciência.

Antes de mergulharmos nas metáforas do Bardo-Thodol, é preciso dizer sobre a riqueza desse ensinamento. Ele é uma prática milenar tido como sagrada para os budistas tibetanos. Bardo significa a ‘Travessia’, o processo que guia a consciência de uma pessoa após sua morte até o próximo renascimento. Os budistas entendem a morte como uma transição constante. Ou seja, em vida, estamos o tempo todo em travessias. Sempre saindo de um ponto em direção ao outro. Bardo-Thodol pode ser entendido como a ‘Libertação através da Escuta’.