O Que ou “quem” em você te aprisiona?

Elza Nunes, em entrevista para Lígia Scalise

“Você já se sentiu dividida internamente, como se tivessem várias partes dentro de você querendo coisas diferentes? Isso vale tanto para decisões ou situações simples, como sair ou ficar em casa, assim como quando você precisa tomar uma decisão emocional importante, por exemplo, terminar uma relação já desgastada ou dar mais uma chance. Esses duelos acontecem o tempo todo dentro da nossa mente e influenciam nossos comportamentos, sensações, reações e relações.

A Terapia dos Sistemas Internos Familiares (IFS) é uma teoria de investigação profunda sobre nossos conflitos, justamente por entender que o ser humano tem muitas ‘partes’. Aqui, entenda ‘partes’ como ‘subpersonalidades’ dentro da gente. A IFS parte de uma perspectiva de que temos uma comunidade de partes que, muitas vezes, entram em conflitos entre elas. Daí surgem nossas contradições, ansiedades, crises, angústias, confusões, ações, reações e comportamentos negativos repetitivos. E por não aprender a lidar com a nossa totalidade, a gente acaba reprimindo, projetando ou virando refém de muitas de nossas partes ao longo da vida.

E se você pudesse ganhar abrir a consciência para as partes que te habitam e como elas agem? Quais são os pensamentos, memórias, emoções que são acionados quando você se sente ameaçada?

É muito comum que algumas das nossas partes tentem, com a melhor das intenções, nos proteger de traumas e feridas que já vivemos. Assim como também podemos ter aprendido que algumas delas não são bem-vindas e, por isso, tentamos escondê-las.

Funciona mais ou menos assim: se eu carrego um trauma de falar em público, por exemplo, ainda que eu tenha argumentos, saberes e total capacidade de me posicionar, é bem possível que uma parte em mim se sinta em perigo e me trave, ainda que outra parte se sinta confiante e gostaria de se arriscar. Entende? O mesmo acontece quando há falta de contato com alguma parte em nós. É quase que automático então, que a gente assuma uma identidade já conhecida. Veja só: se eu normalmente me defendo de uma maneira agressiva, passo a me identificar, então, como uma pessoa agressiva. E aí, ao longo dos anos, eu me posicione da mesma forma, ainda que isso me traga problemas.

O ponto de virada é entender que, a partir do momento, que eu enxergo que ser ‘agressiva’ é só uma parte em mim, assim como outras, isso não me define mais. Aí eu posso investigar o porquê eu costumo agir dessa forma. Sabendo disso, numa próxima situação, eu estou atenta para fazer diferente. Percebe o quanto trabalhar a consciência das nossas partes é um caminho de libertação de padrões, emoções, rótulos e pensamentos? Sim! Mas, temos que dar um passinho a mais e desenvolver a conexão com o centro. Aqui chamado de ‘Self’ ou ‘Eu Profundo’, centro é a posição de ir além dos mecanismos das partes para enxergar o que está por detrás das estratégias que desenvolvemos para nos defender. Conectados com o Eu Profundo, assumimos o nosso controle emocional, separando e reconhecendo todas as nossas partes.  

A verdade é que precisamos fazer as pazes com tudo o que carregamos. E a parte bonita disso é que, ao nos conhecermos melhor, deixamos também de projetar nossas sombras e partes reprimidas nas relações do lado de fora. Por isso, essa metodologia terapêutica é um dos métodos mais poderosos de autoconhecimento e transformações internas e externas. É um caminho de expandir nossa consciência e promover mudanças de uma maneira bem mais amorosa. Gosto de dizer que a gente deixa um pouco o chicotinho de lado e passa a fazer as pazes com todas as nossas luzes e sombras.

Se você sentiu vontade de investigar, acolher e trabalhar todas as suas partes, além de assumir o comando de quem você é por completo, te deixo o convite: venha conhecer mais profundamente o seu Sistema Familiar Interno através do curso Como chegar ao Eu Profundo, guiado pelo professor Marcelo Pelizzoli em parceria com a Universidade do Ser.

Nosso desejo é que você também possa viver uma vida mais consciente e em harmonia com cada pedacinho que constitui teu Ser. Vem com a gente!”.

 

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