A Jornada de Autoconhecimento Rumo à Satisfação Pessoal e Relacional, através dos Sistemas Familiares Internos

Universidade do Ser e Prof. Marcelo Pelizzoli

Você já parou para pensar que a ideia de que cada um de nós tem uma única personalidade pode estar completamente errada? E se, em vez de vermos a mente como uma entidade única, começássemos a considerar que dentro de cada um de nós existe uma complexa interação de várias personalidades?

Richard Schwartz, o criador do modelo de Terapia dos Sistemas Familiares Internos (IFS), sugere que todos nós nascemos com múltiplas submentes interagindo umas com as outras. Quantas vezes você já ouviu vozes internas conflitantes dizendo “Vá em frente” e “Não se atreva”? A TSFI lança uma nova luz sobre essa experiência comum.

 

O Que é a abordagem dos Sistemas Familiares Internos?

 

A premissa central da abordagem dos Sistemas Familiares Internos é que a mente não é uma entidade singular ou um ego, mas sim um sistema composto de várias partes. De acordo com Schwartz, pensar envolve partes conversando umas com as outras e com você constantemente, debatendo sobre o que fazer e qual é o melhor caminho a seguir. Cada uma dessas partes possui suas próprias crenças, sentimentos e características únicas e desempenha um papel distinto no sistema geral. Elas são agrupadas em três categorias principais:

1. Gerentes: Essas são as partes protetoras que tentam manter nossa vida organizada e segura. Embora sejam benéficas, podem às vezes pressionar por perfeição, levando a comportamentos prejudiciais.

2. Exilados: São partes feridas de nós que geralmente sofreram traumas e foram afastadas pelos gerentes. Às vezes, essas partes se tornam tão intensas que superam os gerentes e passam a influenciar nossa personalidade.

3. Bombeiros: Outro grupo de proteção que busca apagar o fogo emocional a qualquer custo, frequentemente resultando em comportamentos prejudiciais, como abuso de álcool e drogas.

 

Uma Abordagem Diferente para o Bem-Estar Mental

 

Enquanto outras teorias se baseiam na ideia de uma mente única, a Terapia dos Sistemas Familiares Internos nos permite explorar a complexidade das múltiplas partes que compõem nossa mente. Isso nos ajuda a compreender que temos várias partes que buscam nos manter seguros e equilibrados, em vez de acreditar que temos apenas uma mente cheia de aspectos primitivos ou pecaminosos que não podemos controlar.

Em vez de tentar corrigir crenças irracionais ou meditar sobre elas, como muitas terapias tradicionais exigem, a TSFI se concentra em ajudar nosso ego a relaxar, permitindo que as partes da nossa personalidade que foram enterradas (os exilados) se manifestem. Isso libera memórias, emoções e crenças associadas a essas partes que estavam anteriormente trancadas.

 

Os Quatro Objetivos da TSFI

 

A Terapia de Sistemas Familiares Internos tem quatro objetivos fundamentais:

1. Liberar as partes: Permitir que as partes sejam quem elas foram projetadas para ser, sem serem forçadas em papéis específicos.

2. Restaurar a fé em si mesmo e na auto-liderança: Reconstruir a confiança em si mesmo para liderar seu próprio sistema interno.

3. Re-harmonizar o sistema interno: Encontrar equilíbrio e harmonia entre as partes do seu sistema.

4. Incentivar a autonomia: Tornar-se cada vez mais autônomo em suas interações com o mundo, escolhendo suas respostas em vez de reagir impulsivamente.

 

SFI em Relacionamentos

 

Os Sistemas Familiares Internos não se limita apenas a indivíduos; ela pode ser igualmente eficaz em casais. À medida que os indivíduos em um relacionamento têm acesso ao seu “Self”, eles podem transformar naturalmente sua dinâmica, criando espaço para escolher suas respostas em vez de reagir impulsivamente. A TSFI incentiva ambos os parceiros a trazerem compaixão para suas partes internas feridas e a curarem seus passados, ganhando controle sobre seu presente.

A Jornada Rumo à Satisfação Pessoal e Relacional

A abordagem dos Sistemas Familiares Internos auxilia as pessoas a formarem relacionamentos mais satisfatórios consigo mesmas e com os outros, aliviando traumas e acessando sua auto-energia. Embora haja muitos aspectos da TSFI a serem explorados, a relação de cura mais significativa é aquela entre o “Self” ou Eu Profundo do indivíduo e suas partes jovens e feridas.

A compreensão das partes é fundamental para este modelo terapêutico, e a terapia ou autoterapia  envolve uma comunicação direta com essas partes para ajudar o indivíduo a encontrar equilíbrio e harmonia em sua mente, permitindo que o Eu Profundo assuma a liderança do sistema. Para aqueles que não estão familiarizados com essa abordagem terapêutica, a linguagem e o estilo de conversação podem parecer incomuns, envolvendo diálogos diretos com as diferentes partes do Self da pessoa. Na TSFI, todas as partes são bem-vindas e respeitadas.

 

Entendendo nosso relacionamento com uma Parte

 

Para compreender melhor suas partes internas, a Terapia de Sistemas Familiares Internos incentiva o indivíduo  a explorá-las com mais detalhes. Isso envolve fazer perguntas como:

 

1- Qual é o papel dessa parte em sua vida e como isso o ajuda a gerenciar sua vida cotidiana?

2- Como essa parte se relaciona com outras pessoas em sua vida?

3- Qual é a intenção positiva dessa parte para você?

4- De que maneira essa parte tenta protegê-lo?

5- Do que essa parte está tentando protegê-lo?

6- Essa parte está feliz com seu trabalho? Ou prefere outra coisa?

 

Conforme os indivíduos se concentram e refletem sobre essas questões, podem perceber que seu relacionamento com cada parte começa a mudar, levando a uma compreensão mais profunda de si mesmos.

 

Identificando Gestores e Bombeiros

Além de compreender suas partes internas, a TSFI ajuda os indivíduos a identificar as partes de gerentes e bombeiros dentro de si mesmos. Enquanto os gerentes nos ajudam a planejar e moldar nossas vidas para evitar desconforto e dor, os bombeiros correm para apagar o fogo emocional quando as coisas ficam difíceis. Podemos reconhecer esses padrões em nossas vidas. Por exemplo, quando as coisas estão calmas, podemos fazer planos; quando estamos estressados, podemos recorrer a comportamentos compensatórios, como comer ou beber em excesso.

 

Despertando o “Self” ou Eu Profundo

 

Após identificar suas partes internas e compreender os gerentes e bombeiros, a Terapia de Sistemas Familiares Internos ajuda os indivíduos a despertarem o “Self” autêntico, o que os levam a sentir-se mais conectados com a humanidade como um todo. À medida que percebem essa conexão, tornam-se mais curiosos sobre os outros e ganham coragem para ajudá-los.

A abordagem dos Sistemas Familiares Internos oferece uma possibilidade de autoterapia inovadora para compreender e lidar com as múltiplas personalidades dentro de nós. Em vez de negar a complexidade de nossa mente, essa aabordagem terapêutica abraça as partes que compõem nossa psicologia e trabalha para harmonizá-las. Ao fazer isso, podemos alcançar um relacionamento mais profundo e satisfatório conosco mesmos e com os outros, encontrando a verdadeira auto-energia que reside em nosso Eu Profundo”.

Portanto, da próxima vez que se deparar com vozes internas conflitantes, lembre-se de que não está sozinho – todos nós temos um sistema interno complexo e rico, e a abordagem dos Sistemas Familiares Internos pode ser uma ferramenta valiosa para explorar essa complexidade e alcançar o bem-estar mental e emocional.

Para aqueles que buscam novas possibilidades terapêuticas e a reconciliação das partes de seu ser, convidamos para conhecer o nosso curso de introdução aos Sistemas Familiares Internos, SFI: Como Chegar ao Eu Profundo, que oferece um caminho de consciência e aprofundamento, tanto para o autoconhecimento como para prática terapêutica.

 

Até breve!

 

Fonte: Jeremy Sutton, Ph.D.  (Trad. e adaptação: Prof. Dr. Marcelo L. Pelizzoli – pesquisador e professor em TSFI desde 2015)

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