18 out Transcendendo o Ego: Uma Jornada Rumo à Sabedoria
Universidade do Ser e Prof. Marcelo Pelizzoli
O enredamento no Ego: A Jornada para Além do Ego
Em nossa série sobre o ego humano, estamos explorando as profundezas dessa entidade complexa e contraditória que molda nossas vidas e percepções. Neste terceiro capítulo, continuaremos a nos aprofundar na reflexão, acompanhando as sábias palavras do Prof. PhD Marcelo L. Pelizzoli da UFPE. Vamos explorar como o ego é uma caixa de surpresas, sua relação com projeção, e como estamos gradualmente despertando para sua influência doentia em nossa sociedade.
O Prof. Pelizzoli nos adverte que: Desmontar completamente os estratagemas do Ego na vida de alguém, é talvez o mais intrincado quebra-cabeças e a maior obra de geometria que se pode fazer. Extremamente complexo e perigoso. Além do mais, o Ego é uma caixinha de surpresas muitas vezes negativa, que quando se abre é como Pandora, folheado de ouro por fora, mas por dentro não cheira bem. Temos grandes projeções, e seres escolhidos para recebê-las por nós. Os maiores Bodes expiatórios do Ocidente: um é Cristo, o outro é o Diabo. Isso têm algo em comum, além do fato de serem filhos de Deus: recebem projeção de nossas dores, podridões, anseios, pesos, vontades, sofrimentos, loucuras, animalidades, maldades. Ad caelum et ad infernum.
O Ego na Sociedade:
Estamos começando lentamente a retomar a consciência do quão doentio e perigoso é esta entidade inquieta e contraditória chamada Ego. É evidente que o ego exerce um papel fundamental em nossa sociedade atual. A materialização da loucura doentia do Ego é bem visível na economia, na injustiça social, na política, nas relações humanas conflituosas, nas disputas por poder, por mulher, por homem, por aparecer; a mídia e o show hoje é fruto do Ego coletivo.
A mídia e os programas de entretenimento, como reality shows, são sintomas do estado egóico coletivo. Esses programas não são apenas invenção sem sentido; são sintomas e simulacro perfeito do estado egóico na vida social: pseudo liberada e conflitiva, que busca o prazer imediato e superficial, mas que não pode ter prazer demais, pois isso assusta e pára o show, mantendo a audiência presa em um ciclo vicioso de competição e conflitos; uma prisão onde se quer vencer a todo custo, onde se ama de modo fake, onde se come de modo fake, onde se faz um sexo fake, onde a natureza foi suprimida, onde os Egos estão numa arena em que se debatem, com pouco espaço e tendo que conviver com suas loucuras, excluindo aos poucos os outros, até sobrar o mais resistente e que mente melhor.
A Natureza Ilusória do Ego:
Paradoxalmente, o ego é uma entidade que existe de modo imaginário e ilusório. Este é um dos motivos maiores de seus medos. Desmascará-lo, pode levar você à prisão, ou à cruz, ou à morte, ou a execração científica (como fizeram com Reich, que denunciou o Ego; ou como fizeram com o grande economista Georgescu-Roegen, que criou a teoria do Decrescimento econômico; ou mesmo com Freud).
Quando se pergunta: quem é você?
Quem é o ego? Não encontramos a sua substância real. Você é seu corpo, como um agregado de células e elementos químico-físicos? Você é seu nome? Você é sua profissão? Você é seu caráter? Você é sua personalidade, se sim, o que ela é? Você é do sexo masculino, e não tem feminino dentro de si? Você é uma tautologia, ou seja, uma repetição de A = A, eu sou eu? Somos tão concretos, mas tão abstratos…
O maior receio do ego é ser colocado contra a parede e fuzilado com perguntas, críticas, desmontagens, e a perda de seus argumentos e crenças. O ego é um amontoado de crenças que dá sentido a um corpo selvagem, bruto, animal e com trilhões de micróbios, bactérias e átomos em atividade e mudança frenética. Como podemos dizer que somos algo fixo se a cada milésimo de segundo tudo muda um pouquinho dentro de nós, e tudo o mais?
A Busca pela Libertação do Ego:
Enfrentar o ego e desmontar suas estratégias é uma tarefa intrincada e desafiadora. O ego teme a exposição, a desconstrução e a perda de suas crenças e argumentos. No entanto, essa jornada é essencial para alcançar um estado de autenticidade e transcendência. A Teoria dos Sistemas Familiares Internos é uma aposta para a transcendência do ego e, com base nessa abordagem terapêutica, é possível distinguir as partes: Defensoras (Gerentes e Bombeiros) e a parte ou persona sobrevivencial que corresponde ao ego, mas compreendemos que não é nosso Eu profundo, nosso Self.
A única alternativa eficaz para superarmos o ego – sem matá-lo ou entrar em conflito interno com ele – é entregar a liderança de nossa vida, corpo e mente, ao nosso Self (Eu Profundo), a quem de vários modos se chamou aproximadamente de alma, coração, centro vital, divino, Atma, entre outros. Ao mesmo tempo, criar um equilíbrio e harmonia constante entre nossas personas/partes para que todas deixem seus papeis extremos, neuróticos, ou apenas egóicos e defensivos, de controlar, apagar fogo, seduzir, enganar, atacar, fazer birra (Partes infantis…), chantagear, julgar, culpar, buscar perfeccionismos, etc, e assim assumam um lugar de “homem novo”, com seus potenciais maiores de vida e coragem, compaixão, calma, assentamento em seu Centro (Self).
Neste último capítulo da nossa série sobre o “O Enredamento no Ego”, exploramos as complexidades e armadilhas dessa intrigante entidade, e como a sua influência na sociedade é evidente, contribuindo para conflitos e desequilíbrios sociais. No entanto, ao questionarmos a natureza ilusória do Ego, reconhecê-la e transcendê-la podemos abrir caminho para uma vida mais significativa e conectada com nossa verdadeira essência. E, esse caminho pode ser trilhado através do comprometimento com uma jornada de autodescoberta, em direção à liberdade do ego. Caso você tenha interesse em aprofundar no conhecimento de como transcender o ego e encontrar um estado de conexão mais profunda com o Eu autêntico, entre outras abordagens, sugerimos o curso de introdução a Terapia dos Sistemas Familiares Internos: Como chegar ao EU Profundo. Clique AQUI e saiba mais!
Obrigada por nos acompanhar nesta série! Que tal nos contar nos comentários o que mais te chamou a atenção?! Nos vemos em breve.
Acompanhe também os outros capítulos dessa série:
O Ego: Vulnerabilidade e Construção Identitária
O Ego e a Dualidade: Como Ele Molda Nossas Percepções
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